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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Uma aliança - Cotidiano

Por Soul Sócrates Santana

Fazia calor em Salvador. Mas, não era dia. Em pé, Antônio Conceição aguardava o buzú na entrada da ladeira do Cabula. Distraído com a mão direita no bolso, tomou um susto consigo mesmo ao lembrar do pão que tinha que comprar.
- Puta que pariu!
Encostada na janela do ônibus, Lurdes Maria olhava cambaleante para a rua. O carro parou. Ia para a Mata Escura. Antônio morava lá. Agarrou-se a porta do transporte e segurou com força. Lurdes se espantou.
- Esses malucos! Ficam fazendo bagunça!
Antônio ignorou. O motorista não queria seguir a viagem enquanto ele não saltasse. Ele batia na lateral do carro com um olhar fixo no retrovisor com a imagem do motorista.
- Arrasta!
Pessoas espremidas gritavam contra e a favor de Antônio.
- Segue essa porra!
- Desce vagabundo!
Lurdes fitava o rosto de Antônio. Até que se ateve a mão esquerda dele. Havia uma aliança.- Leva motor! O homem é pai de família! Ta economizando o dinheiro do pão.

Coisas sem nome


Por Soul Sócrates Santana
16 08 06

Se eu pudesse arrumar meu quebra-cabeças sem nomes sem lugares Apenas não lembrar das coisas que eu não disse ontem por não poder dizer Das coisas sem nomes nem palavras Sem sentido Apenas pra mim, apenas em mim Todos eles Nomes sem coisas, coisas sem nomes Todos ficariam ali e dali sairiam pra lama Entrariam no mar hebreu e no breu de todas as coisas sem nomes Puxaria um telefone e diria: - Deixa eu ser assim. Uma frase repetida, mas dita em francês Feito um feio defeito desfeito para concordar com todas as coisas sem nomes que não são ditas Para não dizer o que são as coisas sem nomes Perdidas na minha cabeça dentro das minhas veias com sangue Das minhas listas sem nomes Manchadas por esse mar vermelho Vermelho sem nome Sem cor, sem corpo, sem coração Apenas sentidos que guiam a mia e a mais ninguém Apenas coisas sem nomes